quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eu sei, mas não devia…


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a acender mais cedo à luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.



A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.




A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.






A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.




A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.







A gente se acostuma á poluição. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.





A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.







A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar – se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.





Texto retirado do livro: Eu sei, mas não devia – Editora Rocco.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Gênio, criativo e visionário...

Steve Jobs, 56 anos, fundador da Apple, faleceu nesta quarta-feira (05/10).
Travava uma luta contra um câncer raro que se desenvolve no pâncreas, antes já havia se afastado da companhia em agosto. Jobs ocupava a presidência-executiva da Apple desde 1.997.


No comando da Apple fez da empresa a de maior valor no mercado em todo o mundo. Criando produtos que tornaram-se marco para a tecnologia, além de planejar os designs que fazem dos produtos um dos mais completos.
Gerou uma legião de fãs, que foram apelidados carinhosamente de “applemaníacos” (essa é para você amor). 


“Perdemos nosso gênio, criativo e visionário” foram com estas palavras que a Apple anunciou ao mundo a morte de “um ser humano maravilhoso”. Pensando nos applemaníacos a empresa disponibilizou um endereço de e-mail para que todos pudessem compartilhar “pensamentos, condolências e lembranças” (rememberingsteve@apple.com).


Em suas raras aparições neste ano, ele apareceu ainda mais magro que o normal. Em agosto quando decidiu se afastar da Apple declarou “Sempre disse que, se chegasse o dia em que não poderia mais cumprir meus deveres e expectativas, eu seria o primeiro a avisá-los. Infelizmente esse dia chegou.”.




"Steve deixa uma companhia que apenas ele poderia ter construído e o seu espírito será a base da Apple para sempre."


(fonte: Folha.com)
(Imagens: Google)